Em BRASA!
in A Bola, 14.01.06
É latente a tensão que existe no balneário do campeão nacional. Depois de na segunda-feira Luisão ter agredido Karagounis, durante o treino, ontem foi a vez do insuspeitíssimo Anderson pontapear violentamente Fabrizio Miccoli. Uma situação que Ronald Koeman geriu no seu estilo habitual: foi ter com o central e conversou com ele, calma e tranquilamente, procurando explicações para o sucedido. Aqui e ali, notam-se fricções que antes pareciam não existir.
O caso só não foi mais grave porque os companheiros separaram Miccoli e Anderson. Decorria a parte final do treino, realizado ontem de manhã, no campo principal do Estádio Nacional. Os jogadores disputavam tranquilamente um jogo de treino até que sucede o inesperado: a agressão de Anderson a Miccoli. Tudo aconteceu muito rápido: o italiano recebeu uma bola de costas e levou um toque no pé por parte do defesa-central. O avançado não caiu e a bola fugiu-lhe ligeiramente para a frente, com Anderson a voltar à carga. Percebendo isso mesmo, Miccoli fez um compasso de espera, rodou ligeiramente a anca e levantou o cotovelo direito, para se proteger e ao mesmo tempo responder na mesma moeda ao embate iminente. O choque de peito com costas foi rijo e terá sido esse o motivo que levou o brasileiro a fazer o inesperado: pontapeou o colega com a perna direita, levantando-o do chão, tal a violência do gesto. A reacção de Miccoli foi a esperada: virou-se imediatamente, irado, e só não ocorreram mais desenvolvimentos porque a pronta intervenção dos colegas foi determinante, especialmente os que estavam mais próximos, casos do grego Karagounis, Alcides e Petit. Foi preciso mais algum tempo para o transalpino acalmar e deixar de representar uma ameaça física para o colega. Que mais parecia um adversário.
Pedagogia de Koeman
Koeman estava longe mas quando viu a agressão ordenou o final da sessão. Não fez alarido, caminhou a passo e procurou imediatamente conversar com o brasileiro. Fê-lo de uma forma pedagógica, pedindo-lhe calma. Anderson ainda abanou a cabeça como que a dizer "não tenho a culpa", mas o técnico insistiu no diálogo sereno, até que o central caísse em si. Terminado o puxão de orelhas, o central rumou ao autocarro. Miccoli foi atrás, mas por precaução Nuno Gomes fez questão de acompanhar o italiano. Quando se sentou no vermelhão, sacou imediatamente do telemóvel e não quis falar com ninguém. Apesar de admissível, a cena não é muito comum e no caso de Anderson pode dizer-se que será mesmo inesperada. O ex-capitão do Corinthians é dos elementos mais calmos do plantel, conhecido pela sua imensa correcção dentro e fora de campo. Forma-se cada vez mais a ideia de que o episódio de ontem não terá sido apenas casual. O ambiente no balneário não parece ser o mesmo de há um mês, antes da chegada de reforços e, nomeadamente, a saída de Quim da baliza - independentemente da qualidade do brasileiro Moretto - não terá sido muito bem digerida pelos colegas. Será este um dos pequenos grãos que parecem estar a criar fricções numa engrenagem que tem dado, contudo, excelentes resultados: sete vitórias consecutivas.
in A Bola, 14.01.06
É latente a tensão que existe no balneário do campeão nacional. Depois de na segunda-feira Luisão ter agredido Karagounis, durante o treino, ontem foi a vez do insuspeitíssimo Anderson pontapear violentamente Fabrizio Miccoli. Uma situação que Ronald Koeman geriu no seu estilo habitual: foi ter com o central e conversou com ele, calma e tranquilamente, procurando explicações para o sucedido. Aqui e ali, notam-se fricções que antes pareciam não existir.
O caso só não foi mais grave porque os companheiros separaram Miccoli e Anderson. Decorria a parte final do treino, realizado ontem de manhã, no campo principal do Estádio Nacional. Os jogadores disputavam tranquilamente um jogo de treino até que sucede o inesperado: a agressão de Anderson a Miccoli. Tudo aconteceu muito rápido: o italiano recebeu uma bola de costas e levou um toque no pé por parte do defesa-central. O avançado não caiu e a bola fugiu-lhe ligeiramente para a frente, com Anderson a voltar à carga. Percebendo isso mesmo, Miccoli fez um compasso de espera, rodou ligeiramente a anca e levantou o cotovelo direito, para se proteger e ao mesmo tempo responder na mesma moeda ao embate iminente. O choque de peito com costas foi rijo e terá sido esse o motivo que levou o brasileiro a fazer o inesperado: pontapeou o colega com a perna direita, levantando-o do chão, tal a violência do gesto. A reacção de Miccoli foi a esperada: virou-se imediatamente, irado, e só não ocorreram mais desenvolvimentos porque a pronta intervenção dos colegas foi determinante, especialmente os que estavam mais próximos, casos do grego Karagounis, Alcides e Petit. Foi preciso mais algum tempo para o transalpino acalmar e deixar de representar uma ameaça física para o colega. Que mais parecia um adversário.
Pedagogia de Koeman
Koeman estava longe mas quando viu a agressão ordenou o final da sessão. Não fez alarido, caminhou a passo e procurou imediatamente conversar com o brasileiro. Fê-lo de uma forma pedagógica, pedindo-lhe calma. Anderson ainda abanou a cabeça como que a dizer "não tenho a culpa", mas o técnico insistiu no diálogo sereno, até que o central caísse em si. Terminado o puxão de orelhas, o central rumou ao autocarro. Miccoli foi atrás, mas por precaução Nuno Gomes fez questão de acompanhar o italiano. Quando se sentou no vermelhão, sacou imediatamente do telemóvel e não quis falar com ninguém. Apesar de admissível, a cena não é muito comum e no caso de Anderson pode dizer-se que será mesmo inesperada. O ex-capitão do Corinthians é dos elementos mais calmos do plantel, conhecido pela sua imensa correcção dentro e fora de campo. Forma-se cada vez mais a ideia de que o episódio de ontem não terá sido apenas casual. O ambiente no balneário não parece ser o mesmo de há um mês, antes da chegada de reforços e, nomeadamente, a saída de Quim da baliza - independentemente da qualidade do brasileiro Moretto - não terá sido muito bem digerida pelos colegas. Será este um dos pequenos grãos que parecem estar a criar fricções numa engrenagem que tem dado, contudo, excelentes resultados: sete vitórias consecutivas.