2007/08 League Cup
Final
Saturday, 22 March 2008 (20h30 local time)
Estádio do Algarve, Loulé (30,000 att.)
Ref: Pedro Proença [AF Lisboa]
SPORTING 0-0 Vitória de Setúbal
[2-3 after penalties]
(Romagnoli OK, Polga KO, João Moutinho OK, Liedson KO, Izmailov KO;
Auri OK, Cláudio Pitbull OK, Elias OK, Jorginho KO, Paulinho KO)
SPORTING
Rui Patrício
Abel (Pereirinha 64') - Tonel - Polga - Grimi
Miguel Veloso (Adrien 80')
João Moutinho - Izmailov
Romagnoli
Liedson - Vukcevic
Subs not used: Stojkovic, Gladstone, Farnerud, Yannick Djaló, Rodrigo Tiuí.
Coach: Paulo Bento
Vitória de Setúbal
Eduardo
Janício - Robson - Auri - Jorginho
Sandro
Elias - Ricardo Chaves
Leandro (Filipe Gonçalves 80') - Cláudio Pitbull - Bruno Gama (Paulinho 68')
Subs not used: Milojevic, Hugo, Adalto, Bruno Ribeiro, Bruno Severino.
Coach: Carlos Carvalhal
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Booked: Anderson Polga (SCP 41'), Miguel Veloso (SCP 49'),
Sandro (VFC 70'), Ricardo Chaves (VFC 75').
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Labor táctico teve 1.º prémio na lotaria
by João Sanches in O Jogo
Se foi no pé direito de Izmailov que nasceu a primeira razão de alegria do Sporting na corrente temporada - em Agosto do ano passado, teve influência capital na conquista da Supertaça, assinando um golaço num remate de meia-distância -, foi também no melhor pé do russo que morreu a derradeira hipótese de a equipa leonina prolongar a discussão da final da Taça da Liga, no recurso ao desempate por grandes penalidades, após o nulo verificado durante os 90 minutos. Mas o sete dos leões foi "apenas" o último a errar a onze metros da linha de baliza, pois, antes dele, já Polga e Liedson tinham trabalhado para fazer de Eduardo o herói de uma final histórica, numa noite em que o Setúbal se confirmou como a "besta negra" dos verdes e brancos de Alvalade - após dois triunfos e um empate nos três encontros anteriores - e em que os homens de Paulo Bento repetiram a incompetência de outros momentos na transformação - ou no desperdício… - de pontapés da marca de penálti. Carvalhal pressentiu isso mesmo na derradeira etapa do jogo e, depois de uma vitória no tabuleiro táctico, saiu-lhe mesmo a lotaria e deitou a mão à taça.
Ainda distante das emoções guardadas para o fim, a primeira parte fechou sem que o Vitória tivesse sido capaz de fazer um remate à baliza, mas esse facto escondia uma grande penalidade negada por Pedro Proença (13'?) e ainda outros dados estatísticos relevantes e definidores da superioridade táctica evidenciada pela formação de Carlos Carvalhal nesse período. A predominância sobre o adversário foi planeada e resultou na perfeição: Leandro, posicionado sobre a asa direita do 4x3x3 sadino, foi peça-chave nas manobras de bloqueio à primeira zona de criação da equipa leonina, efectuando movimentos diagonais para o corredor central, sempre que a missão era defender. Com essa acção, o extremo vitoriano tirava tempo e espaço a Miguel Veloso na tarefa de organização, levando ao entupimento do futebol sportinguista. Relevante, nesta fase da partida, foi também o fôlego de Bruno Gama, que, posicionado sobre o flanco canhoto, esticava e encolhia as suas movimentações consoante as necessidades, vedando, com acerto, a progressão e o apoio de Abel.
Mercê da disponibilidade táctica de Leandro, o meio-campo do Vitória, com Sandro e Ricardo Chaves a bater forte no coração do sector, encaixava no losango verde e branco, e depois Bruno Gama encarregava-se de tentar situações de superioridade sobre a zona intermediária, embora do lado contrário o lateral-esquerdo Grimi fosse mais atrevido nos apoios e tentasse equilibrar as forças. Cercado pela estratégia dos sadinos, o meio-campo do Sporting, além de pouco agressivo na procura da bola, exibia gritante falta de qualidade na circulação, tais eram as dificuldades para furar, para entrar na zona ofensiva. O recurso a um futebol mais directo, com passes longos, foi alternativa de circunstância, ainda que inconsequente, pois a capacidade atlética e a estatura dos centrais e dos laterais sadinos - por alguma razão alinhou o "gigante" Jorginho em vez de Adalto - triunfavam sobre a leveza de Liedson e as tímidas correrias de Vukcevic.
Com Veloso tapado, o sector defensivo também andava em bolandas, sobressaltado pela mobilidade da linha de três unidades que o Vitória apontava às redes de Rui Patrício e confundido pela rapidez e eficácia com que os sadinos executavam as transições.
Reacção contrariada
A vontade de rectificar processos foi notória na equipa leonina no regresso do período de descanso. O Sporting esforçava-se para subir o bloco, pressionar mais à frente e limitar a frequência e a facilidade com que o Vitória partia para as ofensivas. E aí deu-se o contraditório: Pitbull, de livre directo, no primeiro tiro à baliza, viu desfazer-se no poste a grande oportunidade de golo (50'). Pouco depois, o mesmo Pitbull reactivava o sinal de alarme entre leões, lançando Bruno Gama, sobre a esquerda, para uma finalização que acaba na malha lateral. Os lisboetas respondiam, mas faltava habilidade para romper a cortina contrária, ao ponto de o lance mais ameaçador ter derivado de um carrinho, em esforço, de Vukcevic, já perto da linha lateral esquerda da pequena área.
Outro capítulo da guerra de banco abriu-se aos 64', mas foi frouxo, pois apenas teve trocas directas: Pereirinha rendeu Abel, depois Paulinho substituiu Bruno Gama e, mais à frente, no mesmo minuto (80), Veloso cedeu a vez a Adrien e Leandro deu o lugar a Filipe Gonçalves. Com esta alteração, Carvalhal mudava a configuração do meio-campo - passava a ter dois trincos - e, em virtude do visível encolhimento, apostava tudo na decisão dos penáltis, confiando na fraqueza que o Sporting (já falhou onze das 24 grandes penalidades de que já beneficiaram) tem denunciado neste item de laboratório. E ganhou!